EnglishPortugueseSpanish

Produções

GESTÃO DE RESÍDUOS HOSPITALAR

  • On
  • By
  • Comentários desativados em GESTÃO DE RESÍDUOS HOSPITALAR

Título

Laboratório de Mudança como metodologia de pesquisa e desenvolvimento colaborativo na gestão dos resíduos do Hospital Universitário de Maringá: uma abordagem intervencionista.

Objetivo geral

Intervir na gestão dos resíduos gerados pelo Hospital Universitário de Maringá por meio da implantação da metodologia intervencionista do Laboratório de Mudança, afim de gerir os conflitos referentes à correta destinação destes.

Objetivos específicos

– Diagnosticar  processo da gestão de resíduos do HUM;

– Analisar as situações de conflitos em relação à gestão de resíduos diagnosticadas inicialmente;

– Elaborar e aplicar hipóteses dos desafios ao desenvolvimento sustentável;

– Planejar e conduzir a intervenção;

– Planejar a difusão do novo modelo de novas práticas em departamentos do HUM;

– Analisar as sessões executadas na atividade de condução da intervenção;

– Criar ferramentas para acompanhamento de inovações criadas;

– Formalizar um grupo para monitoramento permanente dos novos conflitos gerados pelo novo modelo.

Relevância da atividade

Os complexos desafios sociais e ambientais enfrentados pela sociedade brasileira no século 21, tais como pobreza, desemprego, degradação ambiental, mudanças climáticas, poluição, exigem práticas administrativas mais sustentáveis. Desde que o conceito de sustentabilidade foi introduzido pelo World Commission on Environmental and Development em 1987 (WCED, 1987), uma série de estudos formam realizados para compreender que tipo de inovações e de aprendizagens são necessárias, quem deve produzi-las, por que e como alcançar uma produção sustentável (Röling and Wagenmaker, 1998; Loeber et al. 2007; Wals, 2007; Blackmore, 2007). Essa literatura ensina pelo menos quatro importantes lições sobre o processo de aprendizado e de inovação para alcançar uma produção sustentável:

Que tipo de inovações? A sustentabilidade requer não apenas inovações de melhoria de processos de produção mais também inovações sistêmicas (Loeber et al. 2007), que modifiquem não apenas como algo é produzido, mas também que seja capaz de recriar as regras, os valores,  e as pressuposições nas quais a produção e o consumo se baseiam (Grin, 2006). Na prática, tais inovações implicam transformar um novo modelo/conceito de um negócio, ou seja, transformar o valor gerado aos clientes, assim como os métodos para manter tal valor.

Quem deve produzi-las?  A constante divisão de trabalho dentro das organizações, assim como a divisão entre organizações (terceirização) torna necessário que as transformações sejam realizadas dentro  de práticas sustentáveis que envolvam a comunicação e a colaboração não apenas entre funcionários de diferentes áreas e níveis hierárquicos de dentro de uma mesma organização,  mas também requer o envolvimento de representantes de toda uma cadeia produtiva, ou seja, do produtor de matéria prima ao consumidor (Hart e Milstein, 2003). Nesse sentido, as inovações sustentáveis normalmente requerem negociação, cooperação, comunicação e coordenação entre um grande número de atores/organizações,  com diferentes perspectivas e conhecimento em relação ao processo de produção-consumo.

Por quê? Sustentabilidade requer relacionar diferentes perspectivas e interesses dos atores/organizações envolvidas em uma cadeia produtiva.  Por exemplo, sustentabilidade está associada à tecnologia, à saúde do trabalhador e do consumidor, preservação ambiental e estabilidade política e econômica. Os atores devem compreender que tais perspectivas relacionam-se  não apenas às motivações e valores pessoais,  mas também à história da atividade e a divisão do trabalho dentro e entre organizações. Portanto, para alcançar uma produção sustentável é necessário que diferentes atores tornem-se conscientes da natureza (origem) das diferentes perpectivas e interesses envolvidos na produção – consumo de certo produto ou serviço e as transformem em direção à sustentabilidade.

Como? Em razão da complexidade e das relações dos problemas pertinentes à sustentabilidade, torna-se difícil a difusão de soluções prontas. Nesse sentido, considera-se a importância de recriar inovações para as condições locais, onde um conjunto de atores analisam os problemas e desafios enfrentados e desenvolvem inovações para os mesmos. Tal processo faz uso de representações (teorias e modelos) que permitam a compreensão, comunicação e implementação de visões de modelos de produção-consumo mais sustentáveis.

Em síntese, para a criação de inovações sustentáveis torna-se importante considerar: a) a transformação do modelo/conceito do negócio de produção-consumo, b) envolver funcionários de diferentes áreas e níveis hierárquicos, assim como organizações que compõe uma cadeia produtiva, c) compreender e modificar múltiplos interesses e perspectivas dos funcionários e organizações envolvidas, e d) recriar soluções de forma colaborativa.

Inovações podem ser estimuladas por meio do uso de um tipo de instrumento chamado metodologias intervencionistas. Dentro dessa perspectiva, esse projeto visa contribuir para o entedimento e a promoção do processo de inovação sustentável ao  introduzir, adaptar e difundir a Metodologia do Laboratório de Mudança como um instrumento sistêmico para facilitar o processo de produção de inovações sutentáveis. Essa metodologia, criada na década de 90 na Finlândia é baseada em uma abordagem da Teoria da Atividade russa (Vygotsky, 1978; Engeström, 1987).

A partir da implementação do Laboratório de Mudança (LM), pretende-se buscar, em conjunto com o Grupo Gestor de Resíduos e representantes de setores soluções para o problema atual de sustentabilidade ambiental do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM), especificamente, na gestão dos resíduos contaminados decorrentes da produção dos serviços de saúde dessa instituição.

De acordo com a demanda apresentada pelo Grupo Gestor dos Resíduos do HUM, o descarte do lixo contaminado tem sido oneroso para o HUM, principalmente, devido ao fato de que esse tipo de lixo tem sido misturado com o lixo comum. Diante da necessidade de tratamento especial ao lixo contaminado, a coleta, a pesagem e o transporte realizado por empresas especializadas tem sido feito não apenas como lixo contaminado, mas também com outros tipos de lixo que são descartado indevidamente pelos funcionários do hospital no mesmo local destinado ao lixo contaminado.

Encontrar uma solução para esse problema não envolve apenas a correta separação dos resíduos por meio da busca de soluções prontas, já testadas e validadas por outras organizações, mas, de acordo com a proposta do LM, o despertar para uma reflexão conjunta com os envolvidos nas atividades do hospital, estimulando a agência entre os participantes, e buscando uma mudança de conceito sobre o problema do lixo no HUM que vá além da simples destinação correta dos descartes mas sim, que venha propor mudanças significativas e profundas sobre os problemas decorrentes do descarte indevido, tais como os problemas de ordem social, ambiental e de saúde pública.

O projeto de pesquisa aqui proposto envolve a implementação de intervenções por meio do LM junto aos participantes do Grupo Gestor de Resíduos do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) e representantes de setores deste, visando a busca por soluções dos problemas enfrentados referente ao lixo gerado.

Metodologia

A pesquisa será baseada na Metodologia de Pesquisa de Desenvolvimento do Trabalho (Engeström, 2005) e o método empregado pelo Laboratório de Mudança (Engeström et al. 1996, Engeström, 2007). A implantação será dividida em três etapas: 1) Formação, 2) Coleta e análise de dados, 3) Intervenção e 4) Difusão.

Na primeira etapa o pesquisador atuará como tutor no processo de aprendizado da metodologia junto ao Grupo Gestor de Resíduos do HUM. Uma vez capacitados, esse grupo será orientado para a coleta de dados sobre o contexto histórico e sobre as práticas relacionadas à gestão de resíduos do hospital; etapa essa conduzida em conjunto com os pesquisadores proponentes. Essa etapa visa criar hipóteses dos desafios de aprendizagem e as possibilidades de futuras de desenvolvimento dessas atividades. Esses resultados serão utlizados na terceira etapa da pesquisa na qual serão implementadas intervenções por meio do método do Laboratório da Mudança composto por representantes dos setores do hospital, bem como com os membros do Grupo Gestor de Resíduos do HUM. As intervenções ocorrerão dentro do HUM, em espaço planejado para tal atividade, tendo como intenção:

  • O planejamento das intervenções:
  • A análise dos problemas enfrentados pelo Grupo Gestor;
  • A construção, implementação e avaliação das soluções implementadas.

As intervenções serão gravadas em vídeo para uma posterior análise do aprendizado ocorrido durante e após a intervenção. Essa análise visa ajustar a metodologia ao contexto das organizações.

Público alvo

Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM).

Parceiros

Hospital Universitário Regional de Maringá, Universidade Estadual de Maringá, Center for Research on Activity, Development and Learning (CRADLE) da Universidade de Helsinki – Finlândia.

Período de realização

2014 e 2015.

Link de acesso