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SUBJETIVAÇÃO NA AÇÃO EMPREENDEDORA POR MULHERES NA PERSPECTIVA DA PSICODINÂMICA DO TRABALHO

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Título

Subjetivação na ação empreendedora por mulheres na perspectiva da psicodinâmica do trabalho.  

Objetivo Geral

Compreender a subjetivação na ação empreendedora por mulheres pelo processo de reflexão intersubjetiva entre advogadas empresárias

Objetivos específicos

– Elucidar como se dá a dinâmica do processo de subjetivação do trabalho na ação empreendedora através da construção intersubjetiva que a clínica em Psicodinâmica do trabalho permite.

– Entender como ocorre o desdobramento do processo de subjetivação da ação empreendedora, na forma de sofrimento ou prazer, decorrentes desse trabalho.

– Caracterizar os mecanismos de defesa utilizados por empreendedoras para alcançarem um status de normalidade, quando essas estão em condições desestruturantes.

Relevância da atividade

O estudo se propõe a compreender a subjetivação na ação empreendedora por mulheres, pelo processo de reflexão intersubjetiva entre advogadas empresárias. O estudo considerou duas premissas com bases para sua execução: 1º) ação empreendedora como trabalho real e, 2º) o trabalho como todo um engajamento da personalidade da mulher empreendedora a fim de fazer frente às diversas formas de pressão materiais, sociais e econômicas, em especial, às expectativas da cultura de gênero. Considera-se que o recorte de gênero potencializou a consistência dos conceitos ao dar visibilidade ao processo de (inter)subjetivação e evidenciar como as condições de precarização, tensão e pressão social influenciam na condição de prazer e sofrimento proveniente do trabalho, além de desvelar as estratégias defensivas utilizadas pelas empreendedoras.

Ainda são poucos os estudos publicados sobre a subjetividade na ação empreendedora, ou seja, na atividade em si de idealizar e realizar negócios, e muito menos ainda, estudos sobre a subjetividade ou subjetivação, no contexto do empreendedorismo por mulheres. Por outro lado, cresce o número de estudos que identificam a relação entre o empreendedorismo e as síndromes como o estresse, o burnout, e outras patologias emocionais e físicas que são provenientes dessa atividade.

Assim, o estudo se apresenta como relevante pelo potencial de contribuições possíveis à saúde psíquica da empreendedora, assim como, ao andamento e produtividade do trabalho, o que pode prover bem-estar e satisfação. Com a melhor compreensão do processo de subjetivação na ação empreendedora é possível munir agentes que dão apoio às empreendedoras, como é o caso do SEBRAE, com estudos que possibilitem ações de conscientização, para que essas mulheres possam estar mais bem preparadas para lidar com a falha, com a precarização no contexto do trabalho, com as pressões e incertezas que fazem parte do seu cotidiano. Um melhor equilíbrio psíquico e emocional poderá ter como resultados futuros a diminuição de casos de adoecimento do corpo e da mente, e a prevenção de afastamento das atividades no negócio, que para o empreendedor, pode ser ainda mais grave.

Metodologia

Frequentemente, os estudos em Psicodinâmica do Trabalho são realizados considerando a estrutura da pesquisa para Clínica em Psicodinâmica do Trabalho, que parte do pressuposto de que a subjetivação se dá por meio do compartilhamento do sentido de trabalho, construído com base nos conflitos, contradições e interações entre desejo e necessidade do trabalhador e as condições, organização e relações sociais particulares em determinado contexto de produção. Essa clínica é constituída em três partes: 1) Pré-Pesquisa, 2) Pesquisa propriamente dita, e 3) Validação e/ou Refutação.

A Pré-pesquisa teve como finalidade a preparação para o desenvolvimento dos trabalhos. Nessa etapa foi definido quem seriam as sujeitas da pesquisa e buscou-se conhecer o campo, ou seja, o ambiente de atuação das empreendedoras, levantando as informações técnicas, econômicas e científicas da ação empreendedora por mulheres que atuavam nesse campo e delimitou-se os critérios estabelecidos para o andamento do referido estudo. Esses dados foram levantados em sites, jornais, revistas especializadas, periódicos acadêmicos, entre outras fontes que forneceram informações consideradas relevantes para a pesquisa (MENDES e ARAÚJO, 2012).

A estrutura de pesquisa foi criada inspirada no método do Laboratório de Mudança (LM), que se baseia na Teoria da Atividade Histórico-Cultural – TAHC (VIRKKUNEN e NEWNHAM, 2015). Dadas as diferenças epistemológicas entre as teorias da Psicodinâmica do Trabalho e a TAHC, optou-se não por adotar o LM, como o é em sua proposta original, mas utilizar o formato do LM como inspiração, porém essencialmente alinhado às bases epistemológicas da Psicodinâmica do Trabalho. Este novo formato foi denominado como Laboratório de Mediação em Psicodinâmica do Trabalho.

A segunda etapa da pesquisa foi realizada de maneira coletiva, e para isso, foi estruturada uma equipe, composta pelo pesquisador principal e quatro assessores de pesquisa, vinculados ao grupo de pesquisa Mediata (Metodologias Intervencionistas e Aprendizagem Trans/formativa). O pesquisador coordenou as atividades referentes ao andamento das sessões e de análises, e os quatro assessores foram responsáveis pelas demais atividades necessárias à pesquisa: gravação, observação e registro das reações e comportamentos das empreendedoras, além de auxiliar na organização do espaço onde foram realizadas as sessões.

Participaram da pesquisa empreendedoras (advogadas sócias-proprietárias de Escritórios), constituindo um coletivo ad hoc, ou seja, um grupo de participantes interessadas em tratar da proposta do estudo de maneira conjunta, garantindo, assim, que a pesquisa não fosse baseada em opiniões de empreendedoras tomadas isoladamente, tendo em vista que a pesquisa em Psicodinâmica do Trabalho tem por princípio, privilegiar a fala, especialmente, a fala coletiva.

As sessões ocorreram nas instalações da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na cidade de Maringá – PR, justamente por se entender que se tratava de um local identificado com a ação empreendedora das advogadas, tendo em vista que a entidade é uma autarquia que tem como finalidade dar apoio a estas profissionais. Os encontros com as empreendedoras aconteceram em forma de sessões, com duração aproximada de uma hora e vinte minutos, de acordo com um cronograma com data e horário previamente agendados, mediante a anuência das empreendedoras participantes.

As empreendedoras eram estimuladas a falarem sobre o empreendedorismo por mulheres, suas nuances e peculiaridades, as questões socioeconômicas e culturais, que implicariam em possíveis precarizações na ação empreendedora, as condições de atuação quando estão à frente de um negócio, suas relações com atores que interferem no dia a dia do negócio, suas condições emocional e física, as tensões, insônia, as estratégias de defesa para lidar com as vicissitudes do cotidiano de suas empresas, as situações de fuga (lazer, religião, intoxicação com vício), os problemas familiares e de outros relacionamentos, entre outros temas.

Por fim, na fase de Validação e/ou Refutação, tudo que foi levantado, registrado, analisado, interpretado, proveniente dos materiais de pesquisa, foi levado às participantes na forma de um relatório, para que fosse validado ou refutado, pelas empreendedoras.

Público alvo

Mulheres empreendedoras.

Parceiros

Universidade Estadual de Maringá (UEM).

SEBRAE Mulher – Regional Maringá/PR

OAB – Ordem dos Advogados do Brasil – Comissão da Mulher Advogada

Mediata (Metodologias Intervencionistas e Aprendizagem Trans / Formativa).

Período de realização

2019.