EnglishPortugueseSpanish

Produções

INTERVENÇÃO CÊNICA EM EMPRESA PRIVADA

  • Em
  • Por
  • Comentários desativados em INTERVENÇÃO CÊNICA EM EMPRESA PRIVADA

Título

No palco e na coxia: revelando a Intervenção Cênica como metodologia para desenvolvimento da Aprendizagem Organizacional. 

Objetivo Geral

Compreender como as técnicas de encenação teatral de Stanislavski contribuem para o processo de aprendizado nas organizações.

Objetivos específicos

– Identificar a aprendizagem existente na organização e como ela ocorre dentro do grupo estudado;

– Efetuar a transposição das técnicas de encenação teatral de Stanislavski para o processo de aprendizagem da organização;

– Interpretar a Aprendizagem Organizacional a partir da implementação das técnicas de encenação teatral de Stanislavski;

– Estruturar uma metodologia intervencionista para a Aprendizagem Organizacional inspirada na arte cênica.

Relevância da atividade

Lidar com as emoções no ambiente organizacional tem sido um desafio para os gestores. Direcionar as emoções como forma de controle sobre os funcionários tem sido estratégia de algumas organizações, porém há as que compreendem que lidar com as emoções e conduzi-las como incentivo à criatividade, aprendizado e inovação pode ser uma boa alternativa de
formação dos trabalhadores. Nesse processo de aprendizado e inovação a abordagem de Bente Elkjaer para a Aprendizagem Organizacional (AO), foi utilizada como pano de fundo para esta pesquisa, pois considera que não só o indivíduo e sua estrutura física estão presentes na organização, mas também seus pensamentos, sentimentos e emoções.

Na ausência de uma metodologia específica para a AO, esta pesquisa buscou contribuir com uma possibilidade metodológica, inserindo elementos e técnicas de encenação teatral no processo de aprendizado nas organizações, inspirando-se na obra “A preparação do ator” de Constantin Stanislavski, autor e dramaturgo russo, como forma de proporcionar um processo de experiência que trouxesse novo significado às atividades desempenhadas pelos indivíduos e ser um canalizador das emoções.

Na fase de planejamento da Intervenção foi identificada a necessidade de tratar aspectos relacionados ao retrabalho e ao desperdício nas atividades desenvolvidas pelas trabalhadoras da empresa. Foi criado uma equipe de trabalho composta por pesquisadores do grupo de pesquisa Mediata que auxiliaram a intervencionista na implementação e execução da IC. As
sujeitas participantes da pesquisa constituíram um grupo de quatorze trabalhadoras envolvidas nas atividades administrativas e de produção. A implementação da IC ocorreu em quatorze sessões realizadas de uma a duas vezes por semana, com duração de uma hora cada. Além da
busca de construção de um modelo de trabalho específico para a organização, nos propomos a analisar a implementação de uma nova forma de aprendizagem.

Cada fase da IC foi denominada de Ato. O primeiro Ato foi marcado pelo processo de Questionamento / Perguntar, com utilização dos Dados-espelho (fotos, vídeos, imagens) como segundos estímulos. O segundo Ato foi marcado pela construção do Sistema de Atividade do passado e do presente. No terceiro Ato, ocorreu o processo de Modelagem da nova forma de trabalho, onde as sujeitas foram estimuladas a Imaginar e propor soluções para as atividades operacionais, para organização e condução do trabalho.

É possível considerar que a IC trouxe contribuições para o processo de aprendizagem nas organizações, tendo em vista o desenvolvimento de capacidades nas sujeitas, que se tornaram mais ativas, reflexivas, criativas, críticas, questionadoras e analíticas, mas também conseguiram direcionar
o olhar para a outra, ao se colocarem em outro papel, puderam desenvolver a Empatia e estabelecer novas relações, o que afetou não só as sujeitas e a organização, mas também a equipe técnica envolvida na condução da IC, pois aprendizados foram adquiridos, reflexões e possibilidades de trabalho, como uma nova forma de compreender e operacionalizar a AO.

Metodologia

Ao efetuarmos a transposição das técnicas de encenação teatral para a AO, utilizamos como base metodológica a metodologia intervencionista, inspirada na Teoria da Atividade Histórico-Cultural.

Como procedimento metodológico implementamos uma intervenção inspirada na metodologia intervencionista Laboratório de Mudança (LM) e na Intervenção Trans/Formativa (IT), a qual denominamos de Intervenção Cênica (IC), em uma indústria de cosméticos artesanais. A IC ocorreu em 2018, e podemos considerar que foi composta por dois períodos: 1) Planejamento e 2) Implementação, em que além da transformação da atividade, buscamos também o desenvolvimento de indivíduos ativos e reflexivos, que estivessem inteiros nas atividades que desempenham e executam, que utilizam a criatividade para promover mudanças em si próprios e nas relações que estabelece, permitindo a promoção do ser humano com um ser total: corpo, mente e espírito (Elkjaer, 2004; Courtney, 2010).

Na IC o Planejamento foi composto por três momentos: Negociação, Aproximação e Preparação. Foram três reuniões de Negociação em que estabelecemos um “contrato” de trabalho com a organização, apresentando aos gestores: o projeto de pesquisa, a base teórica a ser utilizada, a metodologia de trabalho e, as experiências já realizadas utilizando metodologias intervencionistas conduzidas pelo grupo de pesquisa Mediata.

A implementação da IC ocorreu em quatorze encontros, os quais denominamos de sessões, fazendo referência a termos utilizados na atividade teatral, tendo a duração de uma hora cada sessão, ocorridas duas vezes por semana. Com a IC, além da busca da solução e construção de um modelo específico para organização, nos propomos a analisar a implementação de uma nova forma de aprendizagem, uma metodologia em que pudéssemos
testar os elementos da encenação teatral para a AO.

Para tanto, a IC se propôs a utilizar de exercícios inspirados na arte cênica, mais especificamente na obra de Constantin Stanislavski “A preparação do ator”, propondo um esquema que contempla as três primeiras fases do LM e da IT (Questionamento, Análise e Modelagem) com três capítulos do livro (Questionar, Experimentar e Imaginar).

A pesquisa foi enriquecida com a gravação em vídeo, pois de acordo com Loizos (2008), o emprego de câmeras de vídeo facilitam o processo de coleta de dados e análise nas pesquisas qualitativas, pois não se restringe somente à fala, mas contempla a oportunidade de observar gestos, comportamentos, expressões faciais e corporais, tanto das sujeitas de pesquisa, quanto
dos pesquisadores envolvidos no processo. As sessões totalizaram dezesseis horas de gravação, que auxiliaram no processo de análise.

Público alvo

Grupo de trabalhadoras de empresa privada.

Parceiros

Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Mediata (Metodologias Intervencionistas e Aprendizagem Trans / Formativa).

Período de realização

2018.

Link de acesso