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LABORATÓRIO DE MUDANÇA

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O Laboratório de Mudança é uma metodologia de pesquisa intervencionista, fundamentada na perspectiva da Teoria da Atividade Histórico-cultural para aprendizagem organizacional. Tem o objetivo de compreender, discutir e disseminar os conceitos, teorias, metodologias e métodos das propostas intervencionistas de pesquisa para aprendizagem organizacional. 

Título

Estudo sobre as metodologias de pesquisa intervencionistas fundamentadas na perspectiva da Teoria da Atividade Histórico-cultural para aprendizagem organizacional: O Laboratório de Mudança e a Clínica da Atividade.

Objetivo geral

Compreender, discutir e disseminar os conceitos, teorias, metodologias e métodos das propostas intervencionistas de pesquisa para aprendizagem organizacional oferecidas pelo Laboratório de Mudança e Clínica da Atividade.

Objetivos específicos

– Aprofundar nas discussões sobre as propostas das pesquisas intervencionistas herdeiras da Teoria da Atividade Histórico-Cultural de forma a ampliar as produções teóricas brasileiras sobre o Laboratório de Mudança e a Clínica da Atividade;

– Subsidiar conhecimento científico para a prática dessas pesquisas intervencionistas, com vistas ao desenvolvimento e ao aprendizado dos sujeitos e das organizações, no âmbito acadêmico e profissional;

– Oferecer suporte metodológico-instrumental para a apreensão do fenômeno da Aprendizagem Organizacional por meio do instrumento sistêmico de pesquisa apresentados nas metodologias intervencionistas do Laboratório de Mudança e da Clínica da Atividade;

– Difundir nos espaços de pesquisa e discussão científica as possibilidades, os desafios e as diferenças dessas metodologias intervencionistas de tradição europeia nas abordagens sobre desenvolvimento e aprendizagem organizacional brasileiras.

Relevância da atividade

As demandas por mudanças no contexto atual da sociedade, principalmente diante das situações da concorrência global, das crises políticas e econômicas de países, além dos problemas ambientais e sociais de toda ordem, têm influenciando sobremaneira o modo de condução das organizações.

Para compreender a influência destas transformações sobre o rumo das empresas, novos instrumentos e “lentes” são necessários para que pesquisadores e gestores possam lançar outros “olhares” e, assim, contribuir para a produção de conhecimento e novas formas de agir diante dos novos contextos e das novas problemáticas.

Atualmente, no Brasil, presencia-se na área de Administração uma crescente discussão e interesse sobre Aprendizagem Organizacional (AO). Tal discussão visa ampliar tanto a compreensão a nível teórico, como prático em um momento em que é crescente a valorização da participação dos sujeitos em alguns processos decisórios, incentivo à criatividade deles para soluções rápidas e eficientes, além do apoio ao trabalho em equipe (FARIA, 2007).

Apesar dos avanços na compreensão do processo de AO, ainda existem dúvidas que são expostas por autores desse campo de estudo.  Implícitas a essas dúvidas há que se revelar um conjunto de pressupostos que orientam a produção do conhecimento no campo da AO e que levam a alguns questionamentos, como por exemplo: (a) sobre natureza do fenômeno da aprendizagem organizacional (ontologia); (b) sobre a forma de conhecer esse fenômeno da aprendizagem organizacional (epistemologia); e (c) sobre os caminhos, ou seja, os métodos para apreender esse fenômeno organizacional (metodologia).

Em se tratando da perspectiva metodológica que envolva a AO, considera-se o desafio de ampliar a forma de apreendê-la, considerando o alcance tanto da aprendizagem como também da mudança”, assumindo que as organizações não possuem ambientes totalmente controlados e estáveis, e não estão livres de controvérsias, oposições, desacordos, etc. Ao expandir essa compreensão metodológica pode-se provocar a identificação do quanto a aprendizagem pode ser descritiva ou prescritiva e das possibilidades de se fazer a sua gestão (BITENCOURT, AZEVEDO, 2006).

A apreensão da AO pode ser alcançada por meio do e de um novo tipo de instrumento chamado metodologias intervencionistas oferecidas pelo Laboratório de Mudança e pela Clínica da Atividade.

O Laboratório de Mudança (LM) é o nome dado a um conjunto de conceitos e princípios metodológicos que podem ser utilizados em colaboração entre pesquisadores e profissionais para transformações profundas ou transformações superficiais incrementais no trabalho. Foi desenvolvido na década de 90 por um grupo de pesquisadores do Centro de Pesquisa em Atividade, Desenvolvimento e Aprendizado (CRADLE), da Universidade Helsinki, Finlândia (ENGESTRÖM et al., 1996). Os conceitos que as fundamentam são baseados na Teoria da Atividade desenvolvida pela psicologia russa a partir dos trabalhos de Vygotsky (1978, ver ENGESTRÖM, 1999).

Já a Clínica da Atividade (Clinique de l’Activité) foi desenvolvida nos anos de 1990 pelo psicólogo francês Yves Clot com inspirações também em Vygotsky. As ideias de Yves Clot vêm sendo fonte de estudos no Brasil nas áreas da Psicologia e da Educação e começa a ser vista também nos estudos organizacionais (CASSANDRE, et al., 2010).

Por meio dessas duas propostas de pesquisa pretende-se contribuir no debate sobre o desenvolvimento e implementação de instrumentos de pesquisa que possibilitem não apenas produzir conhecimento, mas também contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem dos sujeitos envolvidos na redefinição e/ou melhoria da atividade em que estão inseridos; não só isolar e resolver problemas na gestão do negócio de uma organização, mas também contribuir para que os próprios sujeitos desenvolvam outros entendimentos e compreensões do objeto da atividade e suas modificações ao longo do processo histórico nos quais estão submetidos.

Os processos de pesquisa participativos oferecidos pelo Laboratório da Mudança e pela Clínica da Atividade aqui defendidos propiciam o desenvolvimento tanto dos sujeitos como o da própria atividade, (não com o intuito de oferecer um determinado padrão ou prescrição de como fazer), baseados na construção conjunta fundada na concepção teórica, na qual o desenvolvimento depende, em grande parte, dos motivos, ideais e cooperação dos praticantes.

A possibilidade de haver uma solução teórico-prática original e específica para uma determinada contradição existente no seio de uma atividade, porém considerando que cada atividade é única e que possui especificidades próprias, é um dos aspectos distintivos das Metodologias Intervencionistas. Nelas, o mediador não é nem o solucionador de problemas, nem carrega consigo um modelo e um conceito de atividade que venha a “transformar” e trazer soluções prontas para uma coletividade. O pesquisador-intervencionista é mais um especialista na metodologia de análise e desenvolvimento de conceitos de atividade e que direciona os sujeitos pertencentes àquela atividade na escolha das opções de ferramentas conceituais disponíveis e tipos de ações epistêmicas necessárias para o processo de superação de uma contradição. Ao munir-se de informações sobre o desenvolvimento histórico do trabalho em análise, o pesquisador-intervencionista atua nos modelos e soluções específicas construídas com base no desenvolvimento do novo conceito de atividade e produzidas por meio de uma investigação conjunta com os praticantes de um tipo específico de atividade.

Nesse sentido, compreende-se que as propostas de Metodologias Intervencionistas possuem em seu escopo uma composição teórico-metodológica capaz de pensar a organização como um fenômeno histórico, complexo, concreto, em movimento e dialético, rompendo-se, assim, com leituras formais, prescritivas e abstratas do fenômeno organizacional.

Por sua vez, as teorias que fundamentam essas metodologias abrangem a aprendizagem enquanto uma prática coletiva, contraditória, instável e situada social e historicamente, e cujos sujeitos que a vivenciam são os responsáveis pela sua concretização, rompendo-se, assim, com métodos objetivista e naturalistas.

Assim, compreende-se que as Metodologias Intervencionistas oferecem suporte metodológico para apreender, detectar e mensurar a aprendizagem e o desenvolvimento organizacional, porém seu aprofundamento teórico e metodológico precisa ser implementado e difundido no Brasil, principalmente por estas metodologias serem originárias de países europeus.

Por fim, reforça-se a importância da formação de gestores no campo da Administração e da Contabilidade que tenham conhecimento sobre metodologias de pesquisa capazes de reconhecer e amenizar conflitos, além de estimular o desenvolvimento e a aprendizagem de suas equipes, garantindo a gestão das pessoas de forma menos intuitiva e mais aprofundada em conhecimento teórico-empírico.

Cronograma

1º ano: organização de material de estudo, traduções de textos, leitura e sistematização dos conceitos;

2º ano: construção de referencial teórico-metodológico para preparação de produções científicas;

3º ano: produção de artigos científicos para submissão em eventos da área da Administração e Contabilidade para posterior publicação em periódicos brasileiros e estrangeiros;

4º ano: organização, levantamento e preparação das aplicações práticas de intervenção em organizações, originadas por meio do conhecimento produzido durante a execução deste projeto de pesquisa.

Parceiros

Laboratório de Pesquisa Organizacional (LAMO), grupo de pesquisa registrado no CNPQ, e Center for Research on Activity, Development and Learning (CRADLE) da Universidade de Helsinki – Finlândia.

Público Alvo

Pesquisadores das áreas de: Estudos Organizacionais, Aprendizagem Organizacional, Metodologias e Métodos de Pesquisa e Mudança e Inovação.

Período de realização

2013 à 2016.